15 de dezembro de 2014

D&D 3,5: A História dos Três Mortos


"Nós dos Dedos, Crânios Rolando, e o Trono Vazio"

Este texto consta no suplemento Faiths & Avatars, página 37, ele foi escrito por Eric Boyd e Julia Martin.
Tradução por Allana Dilene, para o site Últimos Dias de Glória.



Em eras passadas havia apenas um deus do conflito, morte, e os mortos, e ele era conhecido como Jergal, o Lorde do Fim de Todas as Coisas. Jergal fomentou e alimentou a discórdia entre os mortais e semelhantes. Quando os seres matam uns aos outros em sua busca de poder ou por ódio, ele lhes deu boas vindas a seu reino sombrio de tristeza eterna. Como tudo morria, todas as coisas acabavam vindo a ele eventualmente, e com o tempo ele se tornou tão poderoso ao ponto de não poder ser desafiado por nenhum outro deus. Eventualmente, contudo, ficou cansado dos deveres que já lhe eram tão conhecidos. Sem desafio, não há nada, e no nada há apenas tristeza. Nesse estado, a diferença entre poder absoluto e nenhum poder é indetectável.

Durante essa era sombria, subiram ao poder três poderosos mortais – Bane, Bhaal e Myrkul – que ansiavam pelo poder que Jergal detinha. O trio forjou um pacto profano, concordando que eles ousariam buscar tamanho poder ou morrer tentando. Através das distâncias que percorreram pelos Reinos, eles buscaram poderosas magias e desafiaram a morte a cada momento. Não importava que monstros eles confrontavam, ou que magias eles enfrentava, os três mortais emergiam incólumes. Eventualmente o trio destruiu um dos Sete Deuses Perdidos, e cada um deles se apoderou de sua essência divina.

O trio então viajou pela Vastidão Cinzenta* e procurou pelo Castelo de Ossos. Enfrentaram exércitos de esqueletos, legiões de zumbis, hordas de mortos-vivos incorpóreos, e um grupo de lichs. Eventualmente alcançaram o objetivo da jornada de toda uma vida – O Castelo de Ossos.

“Clamo este trono de maldade”, gritou Bane ao tirano. “Destruirei você antes que possa levantar um dedo!”, ameaçou Bhaal, o assassino. “E eu vou aprisionar sua essência pela eternidade”, prometeu Myrkul, o necromante.

Jergal se levantou de seu trono com uma expressão cansada e disse: “O Trono é de vocês. Eu me cansei desse poder vazio. Peguem o que quiserem – prometo servir e guiar vocês como senescal até que vocês fiquem confortáveis nessas posições”. Antes que o trio atordoado pudesse reagir, o Lorde dos Mortos continuou: “Quem entre vocês deve governar?”

O trio imediatamente começou a lutar entre si enquanto Jergal olhava com indiferença. Quando eventualmente pareceu que todos eles morreriam de exaustão, ou batalhariam por toda a eternidade, o Lorde do Fim de Todas as Coisas interferiu.

“Depois de tudo o que vocês sacrificaram, iriam embora de mãos vazias? Por que não dividem os aspectos do ofício e se engajam num jogo de habilidades por eles?”, perguntou Jergal. Bane, Bhaal e Myrkul consideraram a oferta do deus e concordaram. Jergal pegou as cabeças dos seus três mais poderosos liches e deu uma para cada componente do trio, e eles deveriam competir arremessando os crânios. Cada mortal rolou um crânio pela Vastidão Cinzenta, tendo concordado que o vencedor seria aquele que jogasse o crânio mais longe.

Malar, o Lorde das Bestas, chegou para visitar Jergal nesse momento. Depois de se certificar que o vencedor do concurso herdaria todo o poder de Jergal, ele destruiu os três crânios, para ter certeza que o concurso seria adiado até que ele tivesse uma chance de participar da disputa. Bane, Bhaal e Myrkul novamente começaram a lutar já que estava claro que o concurso estava arruinado, e mais uma vez Jergal interferiu. “Por que não permitem que a Dama da Sorte decida se vocês devem ou não compartilhar a chance com a Besta?”. O trio concordou, e Jergal quebrou seus dedos esqueléticos e os deu aos participantes. Quando Malar retornou, descobriu que o trio havia acabado de terminar um jogo de nós dos dedos. Bane gritou triunfante: “Como vencedor, eu escolho governar por toda a eternidade como o último tirano. Posso introduzir o ódio e a intriga pela minha vontade, e todos irão se ajoelhar ante mim no meu reinado”.

Myrkul, que tirou em segundo lugar, declarou “Mas eu escolho os mortos, e fazendo isso eu sou o verdadeiro vencedor, porque tudo o que você governa, Bane, será eventualmente meu. Tudo precisa morrer – até os deuses”.

Bhaal, que ficou em terceiro, contrariou: “Eu escolho a morte, e será pela minha mão que tudo o que você governa, Lorde Bane, eventualmente passará a Lorde Myrkul. Ambos precisam me prestar honras e obedecer meus desejos, já que eu posso destruir seu reinado, Bane, assassinando seus súditos, e eu posso esvaziar o seu reinado, Myrkul, segurando a minha mão”. Malar rosnou de frustração, mas não podia fazer nada, e mais uma vez as bestas foram deixadas para ele.

E Jergal apenas sorriu, por ele ter se livrado.

* Este local é conhecido hoje como o Plano de Fuga.

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