Traduzido por Porakê Martins, no site Brasil na Escuridão.
Lobos guará são mesmo lobos? Seriam viáveis como Parentes Garou?
Lobos guará são mesmo lobos? Seriam viáveis como Parentes Garou?
Ao longo de suas quatro edições, o
jogo estabeleceu a América do Sul como um território dominados
pelos Fera e hostil à presença Garou, onde mesmo as “Tribos
Puras” encontraram obstáculos para se estabelecer e os Uktena,
aqueles Lobisomens que mais dominam os segredos da região, só
passaram a ter uma presença relevante no período que se seguiu a
colonização europeia.
Apesar disso, uma parcela
significativa dos fãs lamenta essa situação e insiste em buscar
formas de justificar uma presença mais enraizada dos Garou na
América do Sul, o que muitas vezes significou a busca por animais
nativos capazes de servir como Parentes Selvagens para a introdução
de Lobisomens nativos de origem lupina na região. Nenhum animal foi
apontado com mais insistência pelos fãs brasileiros para este papel
do que o Lobo-guará.
Obviamente, a Regra de Ouro permite
todo o tipo de adaptação que o narrador julgar necessário em suas
crônicas. Mas será que algo assim faria sentido com o que o jogo
estabelece? Isso estaria de acordo com a realidade da região, na
qual o jogo se baseia? O que o cânone de Lobisomem tem a nos dizer
sobre essas questões?
Até
a terceira edição de Lobisomem, os livros oficiais de Lobisomem
ignoravam completamente a possibilidade de Parentes Selvagens Garou
na América do Sul. A primeira referência a algo do tipo surge já
na segunda edição, mas, inicialmente, apenas como uma especulação
em um suplemento para Vampiro: A Máscara, que envolve, justamente, o
lobo guará. Isso está registrado no suplemento World of Darkness
Second Edition, de 1996, no seguinte trecho:
“Embora
poucos Lupinos sejam nativos desta região, a Amazônia é o campo de
batalha de uma enorme guerra lupina contra as forças da Wyrm. Outros
Lupinos se reproduzem
com lobos-guarás nativos e constantemente atacam operações
vampíricas em todo o continente. Lupinos geralmente dançam conforme
a música, no entanto, há ainda uma variedade de outros metamorfos.”
(A World of Darkness Second Edition, Pg. 28)
Referências
oficiais em suplementos próprios de Lobisomem, só surgiriam na
terceira edição do jogo, no “World of Rage” (publicado
originalmente em 2000) e no Livro da Tribo Garra Vermelha Revisado
(publicado originalmente em 2002). Em ambos os casos, entretanto, a
espécie nativa indicada como Parente viável é o Lobo Andino
chileno e não o Lobo Guará, queridinho dos fãs brasileiros. Como
se pode conferir nos trechos a seguir:
“O
lobo andino, uma espécie nativa dos Andes chilenos, foi convertido
no projeto especial de um grupo de Garras Vermelhas que se instalaram
na região para atuar como protetores de seus Parentes Lupinos.” (A
World of Rage, Pg. 41).
“Na
pequena nação do Chile, no entanto, os Garras estão fazendo algum
progresso com um tipo diferente de batalha. Alguns anos atrás, uma
matilha de garras se aventurou no Chile para tentar se acasalar com
os lobos andinos (então nomeados por seu lar, os Andes Chilenos).
Funcionou, apesar da espécie não estar prosperando, eles tem alguma
proteção poderosa agora. Até onde sei, eles não controlam nenhum
Caern nas montanhas, mas ouvi essa informação de segunda mão,
então pode existir uma ‘Seita Chilena’ em algum lugar por lá.”
(Livro da Tribo Garra Vermelha, versão brasileira do Nação Garou,
Pg. 60).
Contudo,
tais referências entram em conflito com o que é estabelecido em
outros suplementos oficiais do jogo, inclusive os mais recentes.
Sobre esse tema deixaremos aqui um trecho especialmente esclarecedor
extraído de um suplemento da terceira edição de Lobisomem:
“Lobisomens
podem se reproduzir com cães? Resposta curta: Não. Resposta longa:
Não se a gravidez puder resultar em bebês humanos ou hominídeo (ou
seja, um acasalamento de uma Garou fêmea com um cão macho), e em
nenhum caso qualquer dos filhotes será um metamorfo. Para que um
acasalamento viável possa produzir Garou, o parceiro animal deve ser
um híbrido lobo-cão com pelo menos 75% de lobo e, mesmo assim, as
chances de um filhote lobisomem são baixas. Apesar de lobos (e
Garou) poderem produzir uma prole viável por meio de cruzamento com
cães, a diferença entre espíritos-lobo e espíritos-cães — na
verdade, entre todos os animais selvagens e domesticados — é tão
grande que não podem produzir descendentes metamorfos.” (Werewolf
Storyteller Handbook Revised, Pg. 21).
Claramente,
até mesmo a antológica miscigenação de Roedores de Ossos e
Peregrinos Silenciosos com cães e chacais possui um limite bem
definido no universo de jogo. Mas neste ponto, fãs bem informados
poderiam, então, levantar a questão: Mas e os casos dos Bunyip e
Kucha Ekundu?
De
fato os mabecos (cães selvagens africanos) e tilacinos (“lobos”
marsupiais da Austrália e Nova Guiné) não possuíam nem uma gota
de sangue lupino e, ainda assim, puderam servir como Parentes
selvagens aos Bunyip e aos Garras Vermelhas da linhagem Kucha Ekundu,
respectivamente. Sem dúvidas, a genética é apenas um dos fatores a
se considerar na questão, quando o tema são os Garou, e nem sequer
é o aspecto mais relevante.
“O
começo dos Bunyip como uma tribo distinta teve inicio quando eles
chegaram à Austrália junto com os primeiros colonos humanos. Eles
escolheram se relacionar o mais profundamente possível com a terra,
para melhor compreendê-la e protegê-la. Usando um ritual estranho
que alguns dizem ter aprendido com os Mokolé, os Bunyip se alteraram
para que pudessem se reproduzir com os tilacinos marsupiais nativos
da terra. Quando os dingos chegaram com as ondas migratórias
posteriores de colonos humanos, os Bunyip não os adotaram como
Parentes em potencial; eles favoreciam a forma de tilacino porque era
fiel a terra como a encontraram.” (Werewolf The Apocalypse 20th
Anniversary Edition, Pg. 388).
“Há
muito tempo atrás, um bando de Garras Vermelhas pediram aos Mokolé
do que é hoje a África o direito de habitar nessas terras. Os Reis
Dragão concordaram, mas encarregaram os Garras de assumir a
responsabilidade de proteger e fortalecer seus primos canídeos que
moravam naqueles campos. Hoje, esses Garras são chamados de Kucha
Ekundu e eles administram as vastas planícies da África. Seus
números são pequenos, tendo sido devastados por doenças, mas estão
se reerguendo. Os Kucha Ekundu são verdadeiros Garras, mesmo que não
sejam verdadeiros lobos.” (Werewolf The Apocalypse 20th Anniversary
Edition, Pg. 507).
Em
ambos os casos é explicita a intervenção dos Mokolé para
justificar tais exceções, o que, por sinal, é bem coerente, uma
vez que os próprios Mokolé são capazes de tomar como parentes
animais tão radicalmente diferentes como Monstros de Gila e
Crocodilos, criaturas que só têm em comum o fato de pertencerem a
uma mesma classe biológica, a Classe Reptilia, em relação aos
mamíferos, seria como tornar compatíveis com uma única raça
metamórficas animais tão distintos quanto seria considerar um
ornitorrinco e um ser humano parentes apenas por serem ambos
mamíferos. Com tamanha flexibilidade e adaptabilidade reprodutiva,
não admira que os Mokolé sejam considerados a raça metamórfica
que perdura por mais tempo na face de Gaia.
Comparativo
em escala.
Porém,
com os Garou, as coisas não parecem tão flexíveis, afinal, as
raposas vermelhas (Vulpes
vulpes),
mesmo pertencendo a mesma Família dos lobos, a Família Canidae,
deram origem a uma raça metamórfica completamente distinta. Na
verdade, mesmo coiotes (Canis
latrans),
que compartilham com os lobos um mesmo gênero biológico, o gênero
Canis,
não são capazes de produzir Garou. No lugar disso, os coiotes deram
origem aos Nuwisha, uma outra raça metamórfica.
Qual
a explicação do jogo para diferenças tão brutais? Afinal de
contas o que define que animais podem ou não servir como Parentes
Selvagens de uma raça metamórfica?
Acreditamos
que outro trecho de um suplemento do W20, o Changing Breeds,
intitulado “Espíritos versos Cientistas”, pode ajudar a
esclarecer esse ponto:
“Até
hoje, javalis vagam pela terra. No entanto, enquanto os cientistas
humanos podem chamar os animais de hoje pelo mesmo nome, os espíritos
não prestam atenção às proclamações da ciência. Sua taxonomia
pode ser similar, mas espiritualmente falando, o Incarna Javali, Pai
dos Grondr, e os espíritos dos porcos domesticados ou javalis de
hoje são mundos à parte.
Assim
como até mesmo os Roedores de Ossos não conseguiriam manter sua
Tribo viva com cães-Parentes, os Grondr não conseguiriam encontrar
Parentes entre os javalis que sobrevivem hoje. Seu espírito é
diferente, mesmo que sua genética deva alguma herança as antigas
criaturas que um dia foram Parentes Grondr”. (W20 — Changing
Breed, Pg. 228).
Ou
seja, acima de qualquer questão genética, a mera domesticação e
“contaminação” dos javalis modernos pelo fato destes terem se
miscigenados por porcos domésticos, os tornou espiritualmente
incompatíveis com os Grondr, eles simplesmente deixaram de ser
considerados selvagens suficiente para imbuir espiritualmente
filhotes metamorfos.
Assim,
a “compatibilidade espiritual” seria o critério que define a
viabilidade ou não de uma espécie animal servir como Parente
Selvagem de uma das Raças Metamórficas no universo ficcional de
Lobisomem. Pelo menos no jogo, a ciência não tem todas as
respostas.
Neste
ponto o jogo parece fazer uma referência ao velho esquema dialético
da filosofia hegeliana (ideia-natureza-espírito). Os espíritos são
retratados tanto como a essência comum de suas manifestações
físicas na natureza — a essência de um pássaro é aquilo que nos
permite diferenciá-lo de todo o restante da natureza e das demais
formas de vida — quanto a idealização e os simbolismos que a
cultura humana relaciona a eles — no caso de nosso espírito
pássaro, a liberdade do voo, a necessidade de proteção do ninho, a
altivez de quem é capaz de singrar os céus. — Assim, em
Lobisomem, espíritos são essência e simbolismo conjugados. E é
isso que precisamos considerar ao definir a compatibilidade
espiritual entre espécies animais e raças metamórficas.
É
assim que emerge a coerência daquilo que é solidamente estabelecido
no cânone do jogo e as incoerências que algumas vezes surgem, mesmo
em livros oficiais.
Do
ponto de vista do jogo, o que parece explicar a impressionante
diversidade de Parentes Selvagens Mokolé é a abrangência da
“essência espiritual” da raça dos répteis-metamorfos, os
Mokolé representam os grandes e mais antigos predadores que reinaram
na face de Gaia por mais tempo do que qualquer um, representam a
perseverança e a perenidade ameaçada apenas pela proximidade do
Apocalipse. Por isso a Mnese, por isso foram eleitos os guardiões da
Memória de Gaia. E por isso são compatíveis com os maiores repteis
predadores (seus respectivos habitats) por todo o mundo. Afinal, os
répteis são a mais antiga e perene Classe de animais terrestres.
É
isso que também explica a compatibilidade dos Garou com tilacinos e
mabecos e sua incompatibilidade com raposas e coiotes. Os Garou do
jogo são os soldados do exército de Gaia, predadores sociais com um
forte senso de hierarquia e capazes de abater presas muito maiores do
que eles mesmos, esta é a própria essência dos lobos, mas é
também a essência de tilacinos e mabecos e está longe de ser a
essência de onívoros solitários e oportunistas como as raposas e
os coiotes.
Ainda
assim, alguém poderia questionar: Mas e leões e hienas? Porque
esses animais pertencem ao escopo de outras raças metamórficas,
Bastet e Ajaba respectivamente, se também podem ser considerados
“predadores sociais com um forte senso de hierarquia e capazes de
abater presas muito maiores do que eles mesmos”?
Essa
questão, de certa forma, já foi respondida. Pois a compatibilidade
espiritual é definida não apenas pela essência, mas também pelo
simbolismo. No simbolismo estabelecido pelo jogo, os Garou estão
relacionados aos predadores que se destacam pela ferocidade; já os
Bastet, ao estilo de predação inerente aos felinos, que tendem a
uma postura solitária, onde se privilegia espreitar a presa,
observá-la para uma aproximação furtiva, por isso são os espiões
e batedores, os “Olhos de Gaia”; e os Ajaba, como as hienas estão
relacionados à atividade dos carniceiros e a uma divisão
hierárquica muito mais centrada na divisão sexual e na dominação
das fêmeas sobre os machos, daí a relação que as primeiras
edições de Lobisomem faziam entre os homens-hiena (originalmente
apresentados como uma tribo Bastet) e a Wyrm, mais tarde, com os
indícios biológicos revelando a preponderância de seu papel
predatório em detrimento de sua alardeada fama como carniceiros, as
referências a suposta mácula dos Ajaba foi desaparecendo ao longo
das edições de Lobisomem, assim como sua relação com os Bastet
foi sendo abandonada para privilegiar uma proximidade cada vez maior
com o papel dos Garou, nas edições mais recentes.
Analisemos
agora os principais candidatos a Parentes Selvagens dos Garou na
América do Sul, visando avaliar sua “compatibilidade espiritual”
com os trágicos soldados de Gaia:
Chrysocyon
brachyurus
Distância
genética dos lobos verdadeiros:
bem distantes de lobos, nem sequer compartilham o mesmo gênero.
Dimensões:
maior canídeo nativo da América do Sul, podendo atingir entre 20 e
30 kg de peso e até 90 cm na altura da cernelha e 1,15m de
comprimento.
Comportamento:
Solitário, onívoro e de hábitos crepusculares, é o maior canídeo
nativo da América do Sul, 70% de sua dieta é constituída de frutos
do cerrado, onde cumpre um papel fundamental como dispersor de
sementes. Emite vocalizações características semelhantes a
latidos, mas parecem incapazes de uivar.
Lycalopex
culpaeus
Distância
genética dos lobos verdadeiros:
bem distantes de lobos, nem sequer compartilham o mesmo gênero.
Habitat:
espécie distribuída ao longo do altiplano andino, do Peru até as
regiões ao sul da Patagônia e de Terra do Fogo, no Chile.
Dimensões:
porte médio, comprimento total pode variar de 90 a 165 cm, incluindo
a cauda comprida e espessa, que sozinha tem entre de 30 a 51 cm de
comprimento. Também pode atingir mais de 11 Kg de peso.
Comportamento:
Um predador oportunista, se alimenta de toda a sorte de presas. Mas
sua dieta consiste, principalmente, de roedores, coelhos, aves e
lagartos. Em menor grau de plantas e carniça. Seus hábitos são
noturnos e solitários.
Atelocynus
microtis
Distância
genética dos lobos verdadeiros:
bem distantes de lobos, nem sequer compartilham o mesmo gênero.
Habitat:
É naturalmente encontrado espalhada da Colômbia até a Bolívia e
do Equador até o Brasil, passando pelo Peru, sempre em ambiente
florestal.
Dimensões:
porte médio, mede aproximadamente 25 cm de altura e entre 42 a 100
cm de comprimento, pesando aproximadamente 10 kg quando adulto. Sua
cauda comprida possui 30 cm.
Comportamento:
Possui hábitos solitários, só procura um parceiro na época do
acasalamento. O macho é dotado de uma glândula anal que produz uma
secreção com cheiro forte que utilizada para marcar seu território.
Incapaz de latir ou uivar.
Cachorro-do-mato
Cerdocyon
thous
Distância
genética dos lobos verdadeiros:
bem distantes de lobos, nem sequer compartilham o mesmo gênero.
Habitat:
amplamente distribuído pela América do Sul, ocorrem em savanas
(cerrados), florestas subtropicais, florestas espinhosas de cactos,
matas arbustivas e caatinga.
Comportamento:
animais solitários que formam pares monogâmicos durante a estação
de reprodução. Noctívagos, onívoros e oportunistas, e sua dieta
consiste de frutas, ovos, artrópodes, répteis, pequenos mamíferos
e carcaças de animais mortos. Comunicam-se por latidos e são
capazes de uivar.
Speothos
venaticus
Distância
genética dos lobos verdadeiros:
bem distantes de lobos, nem sequer compartilham o mesmo gênero.
Comportamento:
estritamente carnívoros, de hábitos diurnos e semiaquáticos, são
gregário, vivem e caçam em bandos de até dez indivíduos e podem
abater presas de grande porte como antas e capivaras. A estrutura
social dos grupos é fortemente hierarquizada, tal como nos
lobos-cinzentos e os membros do grupo comunicam entre si através de
latidos, mas são incapazes de uivar.
Embora,
a proximidade genética dos lobos cinzentos (Canis
lupus),
a rigor nãos seja um entrave absoluto para a viabilidade como
Parente Garou, como já vimos, é importante observar que o
distanciamento genético trás complicadores para a reprodução,
mesmo entre Metamorfos de uma mesma Raça Metamórfica que se
relacionam com diferentes espécies.
Uma
“lupina” Bunyip não poderia se acasalar com um lobo cinzento,
mesmo sendo Garou, sem recorrer a poderosos dons ou rituais.
Contudo,
consideramos que os elementos mais básicos para designar Parentes
espiritualmente compatíveis com os Garou são: 1. Ser estritamente
carnívoro; 2. Ter um comportamento nato inerentemente social e
hierarquizado.
Mesmo
lobos andinos e lobos-guará, deste ponto de vista, como onívoros
tímidos e solitários, estão muito mais próximos de chacais,
coiotes e raposas, do que do comportamento de predadores do topo da
cadeia como os lobos, na verdade, nem, apesar do nome, não são
lobos verdadeiros. Para sermos precisos, o “lobo” andino, em seus
países natais, é mais conhecido como zorro culpeo (raposa culpeo,
ou simplesmente, cupeo), o que expõem a aparente incoerência das
afirmações presentes em livros oficiais já citados. Talvez um dos
muitos autores do jogo não tenha pesquisado o suficiente sobre
biologia e achou uma boa ideia elencar como Parentes Garou um animal
que em inglês é conhecido como Andean Wolf.
Tudo que o jogo estabelece de forma mais sólida apontaria que os lobos guará e lobos andinos seriam mais facilmente Parentes Kitsune e Nuwisha do que Parentes Garou, contudo, pelo aspecto simbólico, o próprio jogo estabelece restrições geográficas para a ocorrência dessas raças Metamórficas: Kitsune surgem apenas no Oriente, onde a cultura dos povos locais atribui um forte simbolismo espiritual às raposas; e os Nuwisha surgem apenas na América do Norte, onde a cultura dos povos nativos reverencia o Coiote como o trapaceiro quintessencial.
O
único de nossos candidatos que parece se enquadras no perfil
necessário é justamente o mais exótico deles, o cachorro-vinagre,
mesmo assim, há a questão de ser uma criatura semiaquática, ao
ponto de terem evoluído para apresentarem membranas interdigitais, o
que provavelmente seria uma característica relevante o suficiente
para torná-lo distante demais da essência espiritual Garou.
O
que nos leva a concluir que não há, em toda a América do Sul,
animais selvagens que sirvam como Parentes Selvagens compatíveis com
os Garou. Essa constatação, contudo, não inviabiliza a presença
dos Lobisomens, apenas a restringe, estabelecendo uma atuação muito
mais comum de Hominídeos e Impuros e mantendo a coerência com o que
é estabelecido no cânone do jogo sobre a América do Sul ser um
domínio dos Fera, hostil a presença Garou. Ainda assim, fica aberta
a possibilidade da presença de Lupinos vindos de outras regiões do
mundo, como a África, Europa e América do Norte, talvez, até
mesmo, trazendo consigo seus próprios Parentes Selvagens ameaçados,
que encontrariam em algumas das regiões mais isoladas e menos
conhecidas do planeta, como o altiplano andino, condições de vida
bastante familiares.
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