5 de março de 2020

Contos das Trevas: Dia do Caçador

Tradução de Douglas Ferreira, para o site Brasil na Escuridão.

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Silva sabia que era perigoso, o careca parecia gente fina, mas tinha muita informação, coisas escondia e que não dizia a ninguém, como poderia saber quem ele era e o que fazia?
A mente fervia, precisava dar um jeito naquilo que por enquanto não havia solução, precisaria de mais tempo, sondar e ter muito cuidado.
O careca não queria um assassino, queria um grupo para exterminar vampiros, lobisomens, monstros, ‘humanos diferenciados’, seja lá o que isso for!
Silva pensou em agentes secretos, espiões, havia muita coisa rolando pra quem sabia onde procurar. Careca sabia!
O que mais incomodava Silva não era o careca, mas o grupo que ele formara, 5 pessoas, 4 agentes da lei e 1 assassino de aluguel.
A mente gritava: POLÍCIA!!!!! e Silva sorria.
Careca pagava bem, era como ‘emprego fixo’, quase legal.
Aquele trabalho parecia fácil, um cara do mato, matou alguém importante, se escondeu perto dos esgotos. Era procurar, encontrar e levar pra nossa sala de reunião, vivo ou morto.
Que carro bacana, parecia saído da agência, um Maverick, banco de couro, que o fresco do dono recomendou muito antes de deixar a galera entrar.
Os companheiros pelo comportamento, na maioria pareciam militares, polícia, homens da lei, isso não era bom, Rogério nunca tinha trabalhado com tanta adrenalina, parecia que seus olhos saltariam a qualquer momento, tão tenso que era trabalhar entre os ‘inimigos’.
Marco, o motorista, dono do carro e montado na grana, parou o carro no que parecia o local determinado, uma casa passos à frente e logo após uma cerca lateral, uma enorme manilha de esgoto.
E a mente como um ser independente gritou novamente: Ele é policial, certeza! E só tem menos grana que o careca! E é um fresco com esse carro granfino, vou rasgar esse couro! Para de rir que tá igual a um retardado…
Eles já tinham descido e debatiam se iríamos primeiro invadir a casa ou o esgoto.
A casa era escura, mesmo as lanternas não iluminavam muito bem, Silva, com suas duas armas em mãos, fazia varredura minuciosa por onde passava, dando cobertura aos amigos.
Após vasculhar todos os cômodos da casa com cheiro de mofo, suja, com vidros quebrados, decidiram ir para a manilha, altas horas da noite, esconderam suas armas para percorrer o pequeno percurso, sacando assim que o cheiro de água poluída, bosta e urina salpicou-lhes o nariz.
Marco logo informou-lhes que quem pisasse na água voltaria a pé.
Uma cadeia de labirintos sujos e mal cheirosos foi percorrida por quase uma hora, novamente ninguém foi encontrado.
Frustrados, decidem voltar ao carro, Silva na contínua batalha mental, é o primeiro a abrir a porta traseira e a sentar, ainda cheio de adrenalina foi engolfado num êxtase que nunca houvera sentido, logo após uma picada em seu pescoço.
Entorpecido pelo Beijo, tomado por uma paz negra e silenciosa perdeu momentos de lucidez e vida até voltar à tona do abraço aconchegante da morte.
A sorte de Rogério Silva, é que, por algum motivo desconhecido, seu sangue parecia tóxico aos sanguessugas, o que fez debater-se no carro, alertando aos parceiros de caçada.
Ao voltar a si, percebeu que os 4 amigos tinham em mãos um sanguessuga, caído próximo a roda do carro cravejado de balas, no horizonte os primeiros raios de Sol precipitavam.
Instintivamente levou as mãos às armas, depois ao pescoço, viu um dos 4 com o que parecia uma estaca de madeira em mãos.
Juntou as peças do quebra cabeças, viu o horizonte ensolarado procurou uma faca para cortar o banco de couro e cobrir o vampiro contra os raios da manhã, mas a alvorada foi mais rápida! Em segundos o corpo estirado no chão se desfazia em cinzas.
O careca não era lelé da cuca, era tudo realidade!

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