30 de novembro de 2018

UM VISLUMBRE DA AMAZÔNIA NO V5

Traduzido por Porakê Martins, para a página Brasil In The Darkness.
 
 
MANAUS, BRASIL - 12 DE NOVEMBRO DE 1981.
 
Encontrei uma criança com um ouvido perfeitamente moldado no meio de seu rosto. Ela não tinha outros traços. Sem nariz, sem boca, sem olhos. Quando a criança morreu, entendemos que nosso mundo perfeito não seria mais perfeito por muito tempo.
Eu sei que muitas pessoas estão interessadas em como nosso experimento utópico está indo. Eu confio em você para divulgar essas notas entre elas. Tenho certeza que alguns vão nos ridicularizar por pensar que poderíamos encontrar um lugar não contaminado por monstros antigos, mas por alguns bons anos, tivemos nossa utopia na floresta amazônica. Assentamentos humanos imaculados, vilas e cidades longe de tudo.
A criança foi a primeira, mas não a última. Eu nunca vi nada assim. Eles continuaram aparecendo, crianças, adultos, idosos. Todos mutilados da mesma maneira. Eu possuo uma propriedade muito agradável. Moro aqui como convidado permanente de uma família mortal. Quando eu ainda era humano, já morava aqui. Fico feliz em fazer essa família abastada servir a mim, um mestiço indígena que eles não permitiriam cuspir aqui quando era mortal. Ainda assim, eu prosperei me preocupando com eles do meu jeito. Certa noite, acordei com uma das crianças em pé na minha cama. Ela ainda tinha uma boca espumando, e continuou engasgada com as palavras: "Ouça a voz de Caim." Foi assim que o Sabá entrou em nossa porção do mundo.

EM ALGUM LUGAR NA FLORESTA, BRASIL - 3 DE MAIO DE 1982.
 
Eu gostaria que pudéssemos encontrá-los. Quando chegamos à Amazônia, pensamos que estávamos a salvo dos monstros do mundo exterior. Se farejássemos a Camarilla, poderíamos desaparecer nos pequenos assentamentos e esperá-los.
Eu costumava ter certeza de que nenhum sugador de sangue europeu iria me derrotar em meu próprio país. Os outros que vieram aqui comigo, talvez. A maioria dos estrangeiros eram europeus cansados ​​da Guerra das Eras. Mas eu não. Eu conheço a floresta.
Agora não tenho tanta certeza. Hoje em dia, Manaus está cheia de vampiros ignorantes e insanos. O Sabá vem para a cidade, sequestra um grupo de humanos, abraça-os e vai embora. Eles não dão a mínima para a Máscara. Os novos vampiros criam mais como eles próprios.
Eu matei dezenas deles, alguns deles disformes e mutilados, gritando e balbuciando. Muitos dos outros anarquistas que vieram comigo para a Amazônia não têm coragem de matar. Eu costumava ser um marinheiro, em uma vida passada. Agora sou apenas um carrasco tentando conter a maré de sangue.

MANAUS, BRASIL - 9 DE SETEMBRO DE 1982.
 
Achamos que há apenas três vampiros do Sabá por aí. O resto são apenas habitantes locais que eles abraçaram. Eu tenho uma das vítimas deles para interrogar. Sua boca estava coberta de carne, mas eu a abri com uma faca. Ele me disse que eles falavam espanhol e eram duas mulheres e um homem.
Nós não sabemos seus nomes, mas a artista da carne que chamamos de borboleta. Gosta de remover traços faciais e substituí-los por ouvidos. Ela é muito meticulosa sobre isto. Uma vez eu vi um homem com dez deles por toda sua cabeça.
Três deles, quase cinquenta de nós. Eles mutilam os mortais, Abraçam as pessoas em nossas cidades e vilas, mas ainda não conseguimos encontrá-los.
Sua amiga polonesa Agata Starek esteve aqui por um mês no verão. Eu não a queria aqui porque ela é quase tão ruim quanto o Sabá, mas no final eu implorei para ela ficar. Ela tinha um talento real para matar os jovens.

EM ALGUM LUGAR NO RIO SOLIMÕES, BRASIL - 11 DE NOVEMBRO DE 1982.
 
Eu sei que isso é anticlimático, mas acho que vencemos. Eu tenho a notícia de que algo estava acontecendo em uma madeireira. Quando cheguei lá, todo mundo estava morto, exceto por alguns balbuciando, deformados e desafortunados, arrastando-se na lama. O Sabá havia zombado deles, mutilando-os e forçando-os a correr com mentiras de salvação.
Eu nunca vi tal carnificina, exceto nos restos abandonados por esquadrões da morte. Alguns dos corpos secos de sangue, outros espalhados pelo chão em pedaços encharcados de vermelho. Quando cheguei aos Sabá, eles estavam fora de suas mentes por conta das drogas em seu sangue, cantando, gritando e dançando entre as ruínas. Não foi uma luta, eu não falei com eles. Apenas os matei.
Eu tenho caçado sua progênie ao longo do rio e refletido sobre liberdade. Eu não acho que os Sabá vieram aqui para nos trazer a guerra. Eles vieram para a selva pela mesma razão que nós: serem livres. Sua liberdade apenas significava sangue, insanidade e morte.

MANAUS, BRASIL - 5 DE JUNHO DE 1986.
 
Encontrei outro dos vampiros que o Sabá deixou para trás. Ela era uma coisinha confusa e agressiva, vivendo do sangue de seus parentes mortais. Quando a executei, ela sussurrou uma oração para Caim. O Sabá está morto na Amazônia, mas sua fé continua viva.” (V5 - Anarchs Guide. Págs. 135-136).

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