Como prévia para o próximo livro que irei disponibilizar, segue um artigo publicado pela REDE RPG em 2016.
Assim como o nome sugere, Dungeons & Dragons teve seu o
início no subterrâneo, com aventureiros explorando as profundezas de
castelos icônicos como Blackmoor e Greyhawk.
Inevitavelmente, o jogo se expandiu para reinos profundos e cavernas
não exploradas – e não demorou muito até que essas cavernas ganhassem
vida própria.
INTRODUZINDO O SUBTERRÂNEO
A história do Subterrâneo começa em um módulo de aventura para AD&D chamado Hall of the Fire Giant King
(1978), a terceira aventura da clássica trilogia de aventuras contra
gigantes escritas por Gary Gygax. Durante o final da aventura, os
personagens adquirem um mapa que descreve “vastas cidades subterrâneas
ou lugares mais profundos que qualquer masmorra conhecida”.
Esse gancho levou diretamente a Descent into the Depths of the Earth
(1978), onde pela primeira vez os aventureiros desceram à profunda e
misteriosa terra infestada de devoradores de mentes, fadas sombrias
chamadas jermlaines, tríbulos brutais e mais. Descent into the Depths of the Earth
foi bem sucedida ao revelar a vastidão contida nas profundezas do
mundo. Entretanto, esse mundo se tornou mais vivo com as aventuras que a
sucederam, Shrine of the Kuo-Toa e Vault of the Drow
no mesmo ano. Nas suas descrições de civilizações inteiras de criaturas
parecidas com peixes chamadas kuo-toa e dos elfos sombrios, essas
aventuras elevaram tais criaturas de habitantes aleatórios das masmorras
à membros de uma sociedade completa e viva. Lutar não era mais a única
opção ao se lidar com essas criaturas – e na verdade, qualquer grupo
tentando passar pelo Vault of Drow usando somente pancadaria, encontraria um desafio mortal.
Gygax nunca usou o termo “Subterrâneo” (Underdark), mas sua
visão única da sociedade subterrânea foi a base para tudo que estava por
vir. Foi Douglas Niles que tomou o próximo passo quase uma década mais
tarde, quando seu livro Dungeoneer’s Survival Guide (1986)
prometia revelar as “desconhecidas profundezas do Subterrâneo”, Niles
estava seguindo os passos de Gygax quando ele descreveu o Subterrâneo
como “a região das cavernas e reinos abaixo até mesmo das mais profundas
masmorras”. Ele povoou aquele reino com muitas das raças usadas por
Gygax, incluindo os drows e os kuo-toa, mas também adicionou novos
habitantes como os duegar e os myconids.
Mesmo tendo ele inventado o termo Subterrâneo, Niles não o utilizou
da mesma forma que os autores posteriores. Para ele, não se tratava do
nome de um local específico, e sim de um termo genérico que englobava
todo o reino subterrâneo de D&D. Seu Subterrâneo era um kit de
ferramentas feito para dar aos Mestres de Jogo a capacidade de criar
seus próprios reinos. O Dungeoneer’s Survival Guide incluiu um
reino desses: Deepearth. Esse reino meio genérico, criado para se
ambientar uma campanha, enfatizou as possibilidades que uma aventura no
Subterrâneo teria e se tornou o segundo maior reino do mundo abaixo,
depois dos territórios drow e kuo-toa que Gygax havia explorado.
Durante alguns anos, “Deepearth” foi o nome dado aos reinos subterrâneos. A aventura The Mines of Bloodstone
(1986) que incluiu o “Kingdom of Deepearth” dos duegar, tinha o mesmo
espirito que as campanhas originais de Gygax, mas com novas raças
tomando a frente. Referências aos reinos de Deepearth também apareceram
em outros livros contemporâneos, como o The Savage Frontier (1988).
Com a segunda edição do AD&D chegando em 1989, o termo Deepearth
foi amplamente afastado com exceção das referências às terras
Bloodstones dos duergar. Isso aconteceu por causa de um novo personagem
que estava aparecendo nas histórias de D&D e trazendo uma nova visão
do mundo abaixo.
A EXPLOSÃO DE DRIZZT
Drizzt Do’Urden foi um drow exilado que apareceu pela primeira vez em uma novela de R.A. Salvatore, A Estilha de Cristal (The Crystal Shard, 1988). Desde o lançamento do primeiro livro da trilogia Icewind Dale
escrita por Salvatore, Drizzt foi um completo sucesso, devido em grande
parte à sua origem misteriosa e seus “anos em Menzoberranzan, ou nos
confins do Subterrâneo…”. Com essa única sentença, Salvatore garantiu
que o Subterrâneo iria crescer e destronar Deepearth como o nome
coletivo para os reinos subterrâneos de D&D – e que os fãs iriam
querer saber mais sobre esses reinos.
A década seguinte foi repleta de novelas relacionadas a Drizzt e o Subterrâneo, incluindo a trilogia Dark Elf (1990 a 1991) que contava o passado de Drizzt. Homeland definiu sua terra natal como a cidade drow de Menzoberranzan, Exile revelou o tempo nos confins do Subterrâneo de Drizzt antes de sua vinda para a superfície em Sojourn. Nos anos seguintes, Drizzt de vez em quando retornava à sua antiga casa, com enfase na novela Starless Night (1993).
Enquanto isso, o Subterrâneo foi se infiltrando na segunda edição do AD&D. Livros como o Dungeon Master’s Guide e o Monstrous Compendium Volume Two (ambos lançados em 1989) mencionavam o Subterrâneo, mas um trio de suplementos para Forgotten Realms o fez de forma proeminente. O livro de Ed Greenwood, The Drow of Underdark
(1990), deu uma visão ampla e detalhes extensivos sobre a raça dos
drow, dando um pouco mais atenção ao seu reino no Subterrâneo. Greenwood
também estava por trás da caixa Menzoberranzan (1992), que
detalhou com mais afinco as pessoas e a geografia da cidade natal de
Drizzt. Também falou de outras cidades drow abaixo de Faerûn e até mesmo
mencionou o reino dos anões no suplemento Dwarves Deep (1990). Quase uma década mais tarde, Drizzt Do’Urden’s Guide to the Underdark (1999) detalhou inteiramente o reino abaixo do cenário da campanha de Forgotten Realms.
Enquanto o Subterrâneo de Forgotten Realms estava crescendo e
evoluindo durante os anos 1990, a ideia do Subterrâneo também começou a
se tornar onipresente em outros cenários de D&D – das cavernas de Greyhawk no suplemento The Illithiad (1998), ao mundo de Birthright com a aventura Labyrinth of Madness (1995). Embora os reinos do Subterrâneo tenham aparecido em aventuras e livros, Night Below: An Underdark Campaign (1995)
foi a primeira campanha completa situada abaixo da terra. Essa caixa de
luxo detalhou uma aventura para nível quatorze em uma nova região do
Subterrâneo. Continha extensos detalhes sobre o cenário e seus
habitantes, incluindo novas mentes monstruosas. Drow, kuo-toa e duegar
eram noticias velhas; os aboleths eram os novos vilões do mundo abaixo –
e um sinal do crescimento das aberrações no Subterrâneo.
Com o D&D concluindo a sua segunda edição, o Subterrâneo acabou
se tornando uma das partes mais importantes das histórias de D&D – e
se tornaria um componente importante para as edições seguintes do jogo.
O SUBTERRÂNEO MODERNO
Desde 2000, o Subterrâneo foi bem mencionado em uma centena livros da
terceira, quarta e quinta edições do D&D. Vários desse trabalhos
foram particularmente notáveis.
O foco no Subterrâneo do século 21 começou com o War of the Spider Queen (2002 a 2005), uma série de seis romances focada nos drow de Forgotten Realms. Enquanto isso, o suplemento para Forgotten Realms Underdark
(2003) descreveu os reinos drow com uma riqueza de detalhes a partir
dos suplementos da segunda edição e dos muitos romances ambientados no
Subterrâneo. Os drow ganharam ainda mais atenção com o lançamento do
suplemento Drow of the Underdark (2007), mas esse livro era mais focado nos monstros que vivem lá do que na geografia do local.
Enquanto isso, o Subterrâneo se tornou universal com o lançamento de Eberron em 2004. O novo cenário de D&D integrou o Subterrâneo com sua nova mitologia como “Khymber, the Dragon Below”
(Khymber, o Dragão Abaixo), que “engloba o Subterrâneo do mundo, o
labirinto de cavernas que serpenteia abaixo da superfície e preenche as
profundezas do planeta”.
Quando a quarta edição do D&D apareceu, ela conectou o
Subterrâneo à sua própria mitologia. Na cosmologia do Eixo dos Mundos, o
Subterrâneo tem dois mundo gêmeos sombrios: O Feydark e o Shadowdark. O
suplemento Underdark para a quarta edição (2010) detalhou
todos os três reinos e os integrou na história do cenário. O Subterrâneo
foi revelado como uma criação dos primordiais e palácio do deus
maligno, O Rei que Rasteja. O lar dos drow também foi povoada por
aberrantes como aboleths, beholders, grells e devoradores de mentes.
Assim como em grande parte da cosmologia do Eixo do Mundo, esse era um
extra sombrio Subterrâneo, infernal e assustador.
O Subterrâneo ganhou ainda mais atenção com a saga da quarta edição Rise of the Underdark, que se estendeu pela primavera e verão de 2012. Esse cenário de Forgotten Realms descreveu a amplamente anunciada invasão dos drow à superfície do mundo. Into the Unknown: The Dungeon Survival Handbook
iniciou a saga com novos temas e raças para personagens que exploravam o
Subterrâneo. Jogadores no programa de jogos sancionados de D&D, o
D&D Encounters, experimentaram a saga na nona temporada, a Web of the Spider Queen. Em seguida, o suplemento Menzoberramzan: City of Intrigue, trouxe Drizzt de volta à sua casa, bem a tempo para os jogadores se tornarem drow na décima temporada do D&D Encounters, Council of Spiders. Essa saga então foi concluída com um final épico na ultima temporada do D&D Encounters da quarta edição de D&D, War of Everlasting Darkness.
Conforme foi dito, Rise of the Underdark foi a maior saga do
Subterrâneo já feita. Com três aventuras, dois suplementos, um número
de miniaturas, alguns e-books e algumas antologias, também foi a maior
fonte de informação sobre o Subterrâneo. Seria difícil ultrapassar a
história da exploração do submundo, mas o terceiro conjunto de histórias
lançada na Quinta Edição, Rage of Demons, está tentando. As
novas histórias do D&D propõe perguntas como, “E se os oito Lordes
Demoníacos decidirem escolher o Subterrâneo como sua nova morada?” As
aventuras dessa nova temporada – incluindo Out of the Abyss
– dá aos jogadores a oportunidade de responder essa pergunta enquanto
eles viajam através do mesmo, velhos e conhecidos lugares do Subterrâneo
de Forgotten Realms.
Sobre o Autor
Shannon Appelcline tem jogado RPG desde que seu pai o ensinou o
Básico de D&D no início da década de 80. Ele é o editor-chefe da RPGnet e autor de Designers & Dragons, uma publicação de quatro volumes sobre a história da indústria do RPG, contando sobre uma companhia de cada vez.
Equipe da REDERPG
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